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o trauma de agosto



pequena explicação: há quem trabalhe neste país a recibos verdes porque não tem outra hipótese. não falo de advogados nem de médicos, falo de mim e, como eu, de outros tantos. nesta situação, misturam-se num estranho limbo os "direitos" de quem trabalha como independente e os "deveres" da entidade patronal, que nos contrata a recibos mas depois... horários de trabalho iguais aos dos contratos, às vezes piores, ficamos nós encarregues dos próprios descontos, não há cá 13º mês ou subsídiio de férias e a santa entidade resguarda-se a possibilidade de suspender o trabalho quando não quer/não pode pagar.

não há espectáculos desde Junho. portanto, não há dinheiro a entrar...
não há produção em Agosto,porque os "todo-lo-mandas" deste país e respectivos assessores, secretárias e empregadas da limpeza vão de férias. por escala. ou seja: na primeira parte do mês vai o patrão e é preciso uma assinatura ou um parecer, na segunda parte vai o assessor e sem ele a reunião não tem efeito. continuidade da produção? em Setembro... ou melhor, a partir de 15, 20 de Setembro.

juntando estes três factores, encontramos o trauma de Agosto para quem trabalha no mundo do espectáculo: não há dinheiro a entrar, a produção é fraca, e o patrão pode, se bem o entender, suspender o trabalho durante um mês para poupar.

assim, vejo-me na obrigação de ir de férias. sim, obrigação. apesar de precisar de não ouvir aquela voz sempre a 200 à hora durante uns tempos, de descansar os olhos do computador e de dormir, eu gosto de ser EU a decidir quando vou de férias: por causa da companhia e das possibilidades financeiras.
resumindo: tenho de aguentar o ordenado de Julho durante o mês de Agosto e chegar para em Setembro ir trabalhar, só recebendo no fim desse mês...

ora, portantos, ele não pode haver o "pegas no carro e vais à praia", ou "vai ler para uma esplanada com uma jola à frente" ou o "pegas na tenda e vens passear com os outros veraneantes abandonados de Lisboa". não, senhores, comigo terá de ser a reclusão total.
eu, a gata, o terceiro andar de exposição solar total sem direito a nortada e a ventoinha.

antes de entrar em total colapso de frustração (porque não pude ir de férias quando queria porque o trabalho era demasiado e depois deixei de poder e agora tem de ser e estou sem dinheiro e sem companheiro de aventuras), resolvi passar a minha primeira tarde em boa companhia: um elegante escabeche no banco porque me emitiram 4 cartões de débito para a mesma conta d.o., um longo passeio pela Almedina com direito a encontro imediato com os senhores Pratt e Manara no mesmo livro, e um chá com o Gabriel (o Márquez) e a Colher de Chá numa esplanadinha.

manter-vos-ei, quanto possível, a par da fantástica actividade que pautará as minhas férias. por isso não contem com muitos posts.

parece-me que terei de me despedir como tantos bloggers com o cliché: então boas férias, hã...

Comentários

Anónimo disse…
Boas férias, hã para ti que eu vou trabalhar qual escravo desesperado!!!
Beijo!
Anónimo disse…
Eu também faço parte da tribo do recibo. Se tudo correr bem tenho 15 dias de férias.

Estou contigo nessa luta.

Bjs
Anónimo disse…
Já agora, por curiosidade, essa esplanada não é em Telheiras?

Bjs
Anónimo disse…
ai, Simão... já nem sei o que é pior... beijinho e força
Casual: junta-te à causa! e sim, é em telheiras. kaffa. era o que estava à mão ;)...
Anónimo disse…
Logo vi, vou lá todos os dias.

Boas leituras.

Bjs
Anónimo disse…
Pratt e Manara no mesmo livro??? O Corto despiu-se? :-p
Anónimo disse…
Querida Polegar
Diria que é uma grande injustiça, mais a mais porque não terás grandes possibilidades de conseguir alternativas no nosso meio. A vida habitual de sacrifício pela causa, que também passa pelo nosso estômago. Mas, se fosse a ti, não me deixaria ficar assim. Luta pelo teu lugar ao Sol, quem sabe não está à tua espera. Fazes férias cá dentro... de forma literal.
Um beijo
Daniel
Anónimo disse…
e foi tão bom o cafézinho!!! esta semana levo-te à praia! :)

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