Avançar para o conteúdo principal

na véspera de não partir nunca



para breve a vida compactada num par de alforges, os cheiros do vento e os riscos do mapa feitos rugas nas palmas das mãos. eu nas tuas e tu nas minhas. gosto disso.
a tenda vai sair do esconderijo e o pó do caminho vai fazer-nos a cama. é o chamar do asfalto.
para breve o tinir da colher na chávena de alumínio, a cozinha em pacotes, os pássaros, as ondas mornas, a relva, a areia, o cimento e a terra batida, as agua cebadas, os sotaques açucarados, as multidões e os silêncios de três mil quilómetros. o calor e o cansaço, o arrepio do suor, o aperto dos músculos, o estado alerta onde me reinvento de tantos meses de dormência.
levo creme para as dores no corpo e anseio por elas. é sinal que estou, finalmente, viva. e longe, tão longe...

Comentários

Simão disse…
Bons ventos vos levem... ou vos toquem o rosto!
colher de chá disse…
boa viagem! e tragam-me uma pedrinha de cada sítio importante. ah! já agr, levem-me no bolsinho do casaco ;)
polegar disse…
simão: levar-nos-iam até ti, se houvesse mais... tempo ;)

colher: sempre, sempre.
intruso disse…
"...ao menos não há
que arrumar malas
nem que fazer planos em papel... "


boas viagens por aí.................

[o perto também se acha no longe, por vezes...]
polegar disse…
intruso: :))

colher: chica, me parece que tendras un bolsillo volador! ;)
colher de chá disse…
AHAHAH es verdad! mi bolsillo volador me llevará ante vosotros, el dia 8. la ciudad de Las Ramblas nos espera, nos veremos allá, bajo el sol.
tapas, cañas y sonrisas nos dicen hola!!! hasta muy muy pronto, chica!
espantaespiritos disse…
apesar do calor e dos quilómetros sei de alguém que vai ter um "sofá" novo para "dormir as sestas" enquanto o tempo passa :P...
pinky disse…
que maravilha! boas férias, divirtam-se, descansem e aprevem todos os minutos, beijos grandes
drama5ive disse…
este titulo recorda-me uma musica da Margarida Pinto ex-coldfinger

Gostei deste cantinho, boa viagem já agora *
polegar disse…
drama5ive: a própria ;)

Mensagens populares deste blogue

sabes quando te revisitas e já não te encontras? não sabes o que fazer de ti contigo. as perdas têm sido valentes, as estocadas mais fundas. pensei que por agora a pele estivesse mais grossa, mas não. pensei que estivesse de pés assentes, mas há força nas pernas. perdi o meu pai. perdi o meu chão. espero por uma fase boa. em que esteja tudo bem, organizado. nem que venha depois outra ventania, mas um pedaço de vida em que tudo esteja no seu lugar. só por um bocadinho. mas não. as peças estão espalhadas, quando começo a arrumar umas, caem ao chão as do outro canto da vida. um empilhar de pratos num tabuleiro demasiado cheio, que não se tem oportunidade de ir despejar à cozinha. até as metáforas me saem avariadas, já. tabuleiros de cozinha é o que me sobra. isto são metáforas, certo? é um padrão, o padrão caótico da minha vida, que tento desenhar em palavras que já não tenho. quero despejar-me aqui mas não sei bem como. os medos continuam, sabias? estão piores, diria, porque...

the producers

there comes a time in your life when you have to stand up straight and scream out loud so that everybody can hear: "Who the hell do I have to fuck to have a chance around here?!" The Producers | Mel Brooks | Drury Lane Theatre | Covent Garden quando ouvi isto, soltei a gargalhada amarga que me acompanha nas ironias da vida. agora já nem consigo rir. estou cansada. não dou o cuzinho e três tostões, mas dou o couro e três tostões. não conta, porra?

reviravoltas

[ms] mais uma para o currículo. descansa. estou cá, para te dar a mão. e um dia ainda nos vamos rir... os dois... entretanto, rimo-nos também, que não há mal que não desista à vista dos dentes desgarrados e das barrigadas de nós os dois. porque eu sei o que vales, quanto vales e como vales. e para cada ingrato, grato e meio. os destinos entrançam-se devagarinho. nada acontece por acaso. há quem consiga aguentar o nó na garganta de mão dada. sabes que quando se fecha uma porta... nem que tenha de rebentar uma janela à pancada... o céu troveja porque não sou só eu que estou revoltada... peito cheio, vem aí o vento... vamos apanhá-lo de velas içadas. vamos apanhar a chuvada de boca aberta ao céu... vou sair agora. vens?