
hoje é o princípio do fim. o grosso do nosso trabalho termina aqui. começa agora a verdadeira comunicação. a parte visível.
não é um espectáculo fácil. tem, para mim, como mais-valia, um cenário chamativo, música forte, texto denso e interpretações com momentos muito bons. criticar, estando cá dentro, é muito fácil. desculpar também. tenho as minhas considerações, mas neste caso específico não quero ser tida nem achada "publicamente", porque pecaria. por excesso ou por defeito.
acho que lhe chamaram ética profissional, eu chamo-lhe simplesmente bom senso.
lembro-me do primeiro "ditado melódico" do patrão-encenador, que converti em projecto. lembro-me de tudo o que foi calcorreado, telefonado, enviado, recebido, reunido, viajado, investigado. as pessoas, tantas pessoas, tantos braços e gritos e chatices, sorrisos e motivações, injustiças e preocupações. tanta unha roída, tanta auto-estrada. sorriso.
o papel e as palavras foram, em grande percentagem, o meu pedaço neste todo.
hoje sou peça de engrenagem ainda com a vibração do caminho no corpo, a sentar-se e a tentar descontrair a pele de encontro ao veludo da cadeira. a ver o resultado final de que eu sou película transparente, forro de gaveta.
este é, de facto, o primeiro espectáculo que produzo desde o imaginado ao acontecido, sem pôr os pés nas tábuas. dói, confesso. já é estranha mas constante companhia essa dor. já nem sempre dou por ela. ah, estás aí...
hoje estou nervosa. por colegas meus, do meu coração, que estarão ali em cima, de alma aberta naquele reino dos pós mágicos e borboletas [eles são muito machos, mas que se lixe] que eu conheço tão bem e de que tenho tantas saudades. pelo "meu" encenador, por quem cresceu ao longo deste tempo um carinho para além da admiração profissional. pelo sucesso deste filho mal parido, tão sofrido, que gostava - apesar de todas as condicionantes naturais - que fosse abraçado pelo máximo de público possível.
já não está nas minhas mãos. este não.
entre os dedos conservo apenas uma surpresinha [em palavras e imagens, que mais?] para os meus queridos companheiros de tábuas, com os devidos desejos d'A Bênção d'A Enorme Bosta Fumegante...
Comentários
inclusive tu.
ah...a boa e velha ética não faz mal a ninguém... e já é raro.
Vai correr tudo bem! De todas as produtoras de metro e meio e uns trocos que quase conheço, tu és a melhor sem dúvida!;)
Beijinhos e boa sorte. Ups, quer dizer, muita merda...;)
muita merda!
:)
um beijo
Daniel
gostei muito,,,
o texto/adaptação é o que é... denso, perspicaz, tocante,
a encenação tb merece aplausos,
o cenário é brilhante, assim como a música,
os actores também... o que dizer da M.R.?! ...e do M.G.?! belos momentos...)