cerrou-se outro pano, hoje, sem haver pano para me fazer desaparecer. não há cortina nas pedras, apenas passos que desaparecem ao fundo da escada em caracol. depois dos últimos aplausos, a sensação de vazio que por enquanto consegue ser racionalizada. juntar as cartolas e coelhos dentro de um saco de feira, empilhar escadas que são barcos e fechar a porta com a chave de ferro.
devagar, em passos mansos e decididos chegará o resto, o aperto dormente da repetição de dias sem grande sentido para uma alma que não se consegue encaixar na mala de viagem que a vida lhe preparou. de há algumas vidas para cá, em cada vazio com que me deparo, sempre me salga o rosto a dúvida. se dependerá ou não de mim fechar a cadeado estas páginas de felicidade, de peixe na água. se não me estarei a desperdiçar em esperanças, procuras e esperas vagas. se não estarei a arrastar mais dolorosamente do que o necessário a inevitável presença de um futuro que num compasso cada vez mais decidido parece que me rodeia os atalhos em círculos cada vez mais apertados. a cada passo, um tropeção. a cada muro, um buraquinho para o outro lado.
não sei.
antes de fecharmos as portas da torre, ainda houve espaço para uma música. surgiu do nada. banda sonora de encantamentos antigos, que na altura eram banhados de certeza de que nada acaba já ali. era a música do fim de uma peça. e para cada fim havia um regresso no dia a seguir. e foi sempre canção de embalar de feridas que se foram lambendo a ritmo lento. de esperas com a certeza de um ponto de resolução. de revolução. foi esta a tua teoria. fiquei assim, naquela incerteza de sempre. e era eu que acreditava em sinais. será que eles querem mesmo dizer que esta é my place?
assaltam-me as palavras. as mesmas palavras. how long must [we] wait for it?
devagar, em passos mansos e decididos chegará o resto, o aperto dormente da repetição de dias sem grande sentido para uma alma que não se consegue encaixar na mala de viagem que a vida lhe preparou. de há algumas vidas para cá, em cada vazio com que me deparo, sempre me salga o rosto a dúvida. se dependerá ou não de mim fechar a cadeado estas páginas de felicidade, de peixe na água. se não me estarei a desperdiçar em esperanças, procuras e esperas vagas. se não estarei a arrastar mais dolorosamente do que o necessário a inevitável presença de um futuro que num compasso cada vez mais decidido parece que me rodeia os atalhos em círculos cada vez mais apertados. a cada passo, um tropeção. a cada muro, um buraquinho para o outro lado.
não sei.
antes de fecharmos as portas da torre, ainda houve espaço para uma música. surgiu do nada. banda sonora de encantamentos antigos, que na altura eram banhados de certeza de que nada acaba já ali. era a música do fim de uma peça. e para cada fim havia um regresso no dia a seguir. e foi sempre canção de embalar de feridas que se foram lambendo a ritmo lento. de esperas com a certeza de um ponto de resolução. de revolução. foi esta a tua teoria. fiquei assim, naquela incerteza de sempre. e era eu que acreditava em sinais. será que eles querem mesmo dizer que esta é my place?
assaltam-me as palavras. as mesmas palavras. how long must [we] wait for it?
Comentários
por vezes os fechos e os cadeados são ilusórios, aparência necessária para que o tempo continue e outras portas se voltem a abrir;
desencadear...
imagina que a tua busca por um lugar se assemelha ao fazer alterações em casa.
muitas vezes não depende de nós.
mas quando tudo se resolve faz-se milagres.
Um beijo
Daniel
Um ritmo que vive por si...