sentir que falta o evidente.
tantos pedaços sem encaixe, tantos pedaços a deambular, sem pouso, sem lugar.
sempre ausente, presente divino com dois cordéis de seda de cor indefinida do espectro universal. símbolo gravado num círculo de luz, gaveta de pó brilhante, envolve num laço sem nó.
o laranja pincela em ondas, acompanha o corpo sedento de música. volátil, brinca no ar, rodopia e flutua, branco, deserto, na gravidade ambígua de um saco vazio (cheio de ar) a voar. coup-de-pied, sapatilha cor-de-rosa, fita de cetim, tule flutuante, costas finas, pescoço de graça (garça), sonho de menina em caixa de música, agora quente de suor que soltou as voltas do corpo enrodilhado. assim muda o compasso, sem recuperar o passo.
é quente, a cor da vela, que apanha de surpresa com cafeína. desperta dentro do sonho premente, gritante, que lateja nas mãos que podiam ser pés de firmes e seguros. cai o chão.
na pele, a gota que se faz língua, percorre o mundo redondo. quer norte, quer sul. costa e mar e ventos de açúcar.
o sorriso de este a oeste em forma de lua branca, curva suave de anca, corpo de mel e paz.
não sem guerras.
somos todos assim. humano sem perdão, sem botão de comando. estende a mão. não. tem de cair. sabor do impacto, acre e molhado. calca a punhos o tempo. na palma aberta, rasgão de linhas, sem nexo aparente, caminho sem volta, dor latente. cicatriz e chaga de ventos que sopraram e deixaram a chuva nos olhos. nos actos as cordas.
nas guerras do peito não perdoa os entantos. salga o rosto. inevitável, irreversível, indelével, inevoltável.
estende a mão. lacuna.
Comentários
.j.
bom texto nao haja duvida :)
as tuas palavras enchem-me gavetas (até aqui vazias) que desconhecia no meu interior *
Mtos parabens, gostei muito
Penso que foi a primeira vez.
Volta mais vezes.
Jinhos
edu e ni: obrigada, muitos beijinhos
thexfile99: (bom nome, adorava a série)obrigada e volta sempre, se te der para isso ;)
antónio: sempre às ordens ;) volta tu tb.
Muito bem visto, verdadeiro e belo.
Beijinhos!