delícias escondidas em espesso creme branco. sem vergonha aveludam a língua que os envolve, deixam o seu suco escorrer pela garganta. desce o aroma fresco pelo corpo, olhos fechados. penetra pelos poros a vontade da volúpia. a doçura quente de vermelha aquece a pele sequiosa, o ácido frutado arrepia, inebria. sabores que se misturam com a respiração vagamente alterada.
sabes quando te revisitas e já não te encontras? não sabes o que fazer de ti contigo. as perdas têm sido valentes, as estocadas mais fundas. pensei que por agora a pele estivesse mais grossa, mas não. pensei que estivesse de pés assentes, mas há força nas pernas. perdi o meu pai. perdi o meu chão. espero por uma fase boa. em que esteja tudo bem, organizado. nem que venha depois outra ventania, mas um pedaço de vida em que tudo esteja no seu lugar. só por um bocadinho. mas não. as peças estão espalhadas, quando começo a arrumar umas, caem ao chão as do outro canto da vida. um empilhar de pratos num tabuleiro demasiado cheio, que não se tem oportunidade de ir despejar à cozinha. até as metáforas me saem avariadas, já. tabuleiros de cozinha é o que me sobra. isto são metáforas, certo? é um padrão, o padrão caótico da minha vida, que tento desenhar em palavras que já não tenho. quero despejar-me aqui mas não sei bem como. os medos continuam, sabias? estão piores, diria, porque...
Comentários
é noção de diario digital que me agrada deveras...
conhecer as pessoas não pelo que fazem, parecem ou qualquer outra coisa... mas pelos sensações que têm e divulgam ao mundo!!!