Esta rotina que se instala nos tempos mortos em que não há emprego ou trabalho que me tire daqui é castradora.
Hoje foram ao hospital com o meu avô. As complicações nesta idade dão para sustos dos mais variados, mas ele volta sempre, rijo que nem uma maçã reineta.
A parte positiva é que pude estar a trabalhar no computador (unfinished businesses) e a única coisa que me acompanhou foi o silêncio. A máquina que lhe fornece o oxigénio estava desligada, e viveram-se momentos raros e preciosos por aqui.
Neste sótão está frio, acendi o aquecedor. Queria ouvir música, mas não me lembrei de nada que me apetecesse.
Fiquei por cá, a martelar nas teclas, a sentir o sol atravessar o céu.
Depois fui almoçar. A essa hora chegou a minha irmã com uma gripe. Deixei o meu bife a arrefecer à velocidade da luz na frigideira e quis dar-lhe ben-u-rons, leite quente com mel, fazer torradas. O namorado dela fez questão de tratar disso. Sentei-me a comer. Entram os meus pais com o meu avô, liga-se a máquina, dão-me na cabeça porque "o puto é que teve de fazer as torradas para a tua irmã, não tens vergonha?".
Quando há crises graves, normalmente é comigo que ficam os berbicachos porque mais ninguém tem poder de resposta. Fora essas alturas, normalmente era o palhaço. Punha toda a gente a rir. Agora tou farta da paz podre que por aqui se vive, em que ninguém quer saber nada, desde que uma pessoa chegue a casa à hora marcada e não se parta muito a loiça. É um clima egoísta e assumidamente ignorante. E deixei de rir, de dizer piadas, ou sequer de tentar estabelecer contactos, perguntar opiniões, contar os meus projectos. Claro que me olham de lado, ficam meio atónitos por verem aquela pessoa estranha de olhos tristes enrolada no sofá.
Apoio? Só quando está tudo já feito e pronto a consumir, é só bater palmas no fim. Ou então quando estou empregada cheia de olheiras, dores musculares e desanimada, ao menos sou uma "pessoa séria".
Isto muda... Como todas as famílias, é por luas. Mas apetecia-me poder ficar pura e simplesmente a uma distância segura.
Hoje foram ao hospital com o meu avô. As complicações nesta idade dão para sustos dos mais variados, mas ele volta sempre, rijo que nem uma maçã reineta.
A parte positiva é que pude estar a trabalhar no computador (unfinished businesses) e a única coisa que me acompanhou foi o silêncio. A máquina que lhe fornece o oxigénio estava desligada, e viveram-se momentos raros e preciosos por aqui.
Neste sótão está frio, acendi o aquecedor. Queria ouvir música, mas não me lembrei de nada que me apetecesse.
Fiquei por cá, a martelar nas teclas, a sentir o sol atravessar o céu.
Depois fui almoçar. A essa hora chegou a minha irmã com uma gripe. Deixei o meu bife a arrefecer à velocidade da luz na frigideira e quis dar-lhe ben-u-rons, leite quente com mel, fazer torradas. O namorado dela fez questão de tratar disso. Sentei-me a comer. Entram os meus pais com o meu avô, liga-se a máquina, dão-me na cabeça porque "o puto é que teve de fazer as torradas para a tua irmã, não tens vergonha?".
Quando há crises graves, normalmente é comigo que ficam os berbicachos porque mais ninguém tem poder de resposta. Fora essas alturas, normalmente era o palhaço. Punha toda a gente a rir. Agora tou farta da paz podre que por aqui se vive, em que ninguém quer saber nada, desde que uma pessoa chegue a casa à hora marcada e não se parta muito a loiça. É um clima egoísta e assumidamente ignorante. E deixei de rir, de dizer piadas, ou sequer de tentar estabelecer contactos, perguntar opiniões, contar os meus projectos. Claro que me olham de lado, ficam meio atónitos por verem aquela pessoa estranha de olhos tristes enrolada no sofá.
Apoio? Só quando está tudo já feito e pronto a consumir, é só bater palmas no fim. Ou então quando estou empregada cheia de olheiras, dores musculares e desanimada, ao menos sou uma "pessoa séria".
Isto muda... Como todas as famílias, é por luas. Mas apetecia-me poder ficar pura e simplesmente a uma distância segura.
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