Avançar para o conteúdo principal

to me you are perfect



ele era um bicho de contas.
choro sempre que o vejo. assim que o vejo. compreendo-o com todos os ossos do meu corpo.
respirou fundo e decidiu que já chegava.
atirou-se de cabeça.
ficou-me gravada a sensação de querer dar-lhe um beijo no galo.

depois desta frase, já não sei onde quero chegar com isto. perco-me em considerações que poderão ser tolas ou aborrecidas. ou pouco terão a ver com o que digo agora, com o que queria dizer. as palavras às vezes só complicam. só interferem. doseamo-las da melhor forma que sabemos. preenchemos os espaços de ar com a respiração. encolhemos os ombros. para não magoar ficamos com os braços dormentes. para não nos magoarmos dói-nos o peito. a perfeição instala-se nos instantes em que nos suspendemos no ar. suspendemo-nos de nós. damos férias ao pensamento. e sentimos as texturas do vento, do pó, da canela e de uma qualquer música sussurrante no ar. tenho momentos em que me reprimo de tal maneira que não me conheço. não me compreendo.

mas tu compreendes-me.

somos todos bichos de contas.

Comentários

Madame Pirulitos disse…
Disseste-o da melhor forma possível...a tua.

Beijos lindos
colher de chá disse…
somos bichos de conta... como as tartarugas...
gostava d ter a coragem dele
Alien disse…
snif... snif...

boa imagem =)

***************
polegar disse…
macaso: lendo-me nem eu me compreendo eheheh
colher: não é uma questão de querer ter a coragem... é uma coisa que nasce dentro de ti e que te empurra. é o querer mais do que o medo. às tantas não concebes outra opção...
alien: eu tb ach... tu sabes... beijinho minha querida
colher de chá disse…
e o q é q se faz qd levas o cartaz, tens tudo a postos e... simplesmente te falta o ar pq do outro lado te abrem uma porta e no fim, te deixam no corredor?
:(
Anónimo disse…
colherzinha: não sei, querida, não sei... mas digo-te que fico orgulhosa de teres empunhado o cartaz. por ti. fizeste o que estava certo. mas depois contas-me tudo... um beijo

Mensagens populares deste blogue

sabes quando te revisitas e já não te encontras? não sabes o que fazer de ti contigo. as perdas têm sido valentes, as estocadas mais fundas. pensei que por agora a pele estivesse mais grossa, mas não. pensei que estivesse de pés assentes, mas há força nas pernas. perdi o meu pai. perdi o meu chão. espero por uma fase boa. em que esteja tudo bem, organizado. nem que venha depois outra ventania, mas um pedaço de vida em que tudo esteja no seu lugar. só por um bocadinho. mas não. as peças estão espalhadas, quando começo a arrumar umas, caem ao chão as do outro canto da vida. um empilhar de pratos num tabuleiro demasiado cheio, que não se tem oportunidade de ir despejar à cozinha. até as metáforas me saem avariadas, já. tabuleiros de cozinha é o que me sobra. isto são metáforas, certo? é um padrão, o padrão caótico da minha vida, que tento desenhar em palavras que já não tenho. quero despejar-me aqui mas não sei bem como. os medos continuam, sabias? estão piores, diria, porque...

q.b. de q.i.

como é sabido, neste centro de escritórios funciona também uma das maiores agências de castings do país. há enchentes, vagas de gente daquela que nos consegue fazer sentir mais baixos e mais gordos do que o nosso próprio e sádico espelho. outras enchentes há de criancinhas imberbes que nos atropelam no corredor de folha com número na mão. as mães a gritarem hall fora "não te mexas que enrugas a roupinha" ou "deixa-me dar-te um jeitinho no cabelo ptui ptui já está"... e saem e entram e sentam-se e entreolham-se naquele ar altivo as meninas muito compridas e muito fininhas, do alto ainda mais alto dos seus tacões e com a mini-saia pendurada no osso da anca, que o meu patrão já diz "deixem passar dois anos que elas começam a vir nuas aos castings... pouco falta... têm é de vir de saltos altos... isso é que já não descolam dos pés!" bom, nesses dias aceder à casa de banho é um inferno. é que elas enfiam-se lá dentro nos seus exercícios de concentração preferid...

there goes my hero. 1 ano

Pergunto-me o que acharias acerca desta demência toda, desta distopia rocambolesca mas ainda assim não suficientemente diferente do “normal”. Deste bailado em corda bamba da auto-idolatria com os gestos incrivelmente abandonados de ego. Desta atrapalhação profundamente honesta e refinada que se aprende fazendo e se desfaz em ilusões como uma teia fininha. Deste viver no presente forçado, fincados no agora até à dor no pescoço porque agora é que não sabemos mesmo o que vem depois de amanhã.  Provavelmente discutimos aces amente sobre uma merda política qualquer que não controlamos, para a seguir nos estarmos a rir cúmplicemente de qualquer coisa pouco apropriada. Cheira a grelhados, que o vizinho tem quintal, e aí a coisa custa mais. Esse peso bom da mão inteira na cabeça que me guardava a inquietude faz falta. Distopia é não estares aqui. O resto aguenta-se com um cravo ao peito. Contigo cravado no peito.