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Mensagens

A mostrar mensagens de dezembro, 2004

5, 4, 3, 2, 1...

imagem encontrada no google, ah pois... já vesti, como manda a tradição da minha avózinha, umas cuequinhas azuis. para dar sorte. agora, é esperar pela meia-noite e deixar a data mudar. espero que não usem confettis... a minha banda sonora, como boa sagitariana com ascendente em aquário e lua em touro*: don't look back, don't look back, don't look back, don't look back I will buid my world, I will sing my songs I will keep my helmet on... [The Gift - Am/Fm] *(optimista, sonhadora e impulsiva, ascendente em lutadora e intuitiva, lua em esteta e pragmática) *(ou: idiotamente crente, estouvada, ascendente em teimosa e tosca, lua em manienta e bruta)

entretantos

no ano novo todos fazem resoluções. que normalmente não cumprem. defendo que se deve lutar pelas coisas todos os dias do ano, fazer com que aconteçam. não vou fazer dieta, não vou deixar de fumar... e se achar que devo, fá-lo-ei... em qualquer dia do ano que resolva. porque o novo ano não me resolve. hoje há sempre 365 dias fresquinhos para estrear. dizem que há sempre esperança. tenho-a sempre e nunca a tive. há sempre motivos para sorrir, todos os dias. por mais que a alma chore. deixem-me chorar mais um pouco. os sorrisos vêm, por inerência, por contraste, por complemento, por afinidade.

one big happy family

nokia by thumbelina já é uma tradição tão cerrada como a roupa velha ou as fatias douradas do meu pai. quando cá está a família toda vamos ver as iluminações de Natal. com ou sem espírito, toda a gente se deixa vaguear por ali, ignorando o mau ambiente. de mão dada com a minha prima, e em amena cavaqueira com a minha irmã e a minha tia, fui disparando com um presente que ofereci a mim mesma (com pontos, muitos pontos)...

nota mental II:

se a mãezinha tem uma predisposição para inventar pratos estranhos e saudáveis (bleargh), NÃO lhe oferecer o Culinário da Assírio e Alvim... ou então, comprar Kompensans...

nota mental:

por mais que a mãezinha faça beicinho e tenha direito a gostar das suas músicas, NÃO oferecer o cd do Russel Watson, se ela tiver aparelhagem na cozinha...

aconchego

em desassossego percorreu o corredor e pôs-se em frente à janela... - é quase meia-noite, o Pai Natal deve estar aí a chegar. vai ver se o vês... as palavras aceleravam-lhe o coração e rebrilhavam-lhe nos olhos mil fantasias. de olhos fixos no céu escuro e pontilhado, tentava adivinhar um movimento. passou uma estrela cadente. fervorosamente, repetiu as palavras que a avó lhe ensinara. - deus te guie, deus te guie, deus te guie. para não cair na terra e dar um desejo , que pediu, de alma aberta. perdido nos entretantos de memórias de tantos sonhos e desejos por estrear. e perdeu-se em fantasias cor-de-rosa em que as almofadas eram as nuvens e as lanternas as estrelas. no encantamento sentiu a lua a fazer-lhe festinhas no cabelo com as suas mãos de vento. era a avó, que vinha ver se ela estava sossegada. pôs-lhe a mão no ombro, respeitando o silêncio prescrutante. e ficaram as duas a ver se aparecia o Pai Natal. de repente, do fundo dos seus sonhos soou uma campainha.

natal e lua cheia

deveria já sentir-se o cheiro da canela e dos fritos, da lenha a crepitar, o quentinho do forno sempre a funcionar, e da lareira. devia haver o sussurro das últimas prendas a serem embrulhadas, num vago secretismo maroto. devia sentir-se as vibrações de carinho e ansiedade pela chegada dos nossos tão queridos que chegam amanhã. que são inerentes a esta altura do ano, sempre, cá em casa. devia começar-se a espalhar velinhas pela casa. pôr as prendinhas pequeninas para aqueles que não estão debaixo da árvore. encher o frigorífico com o aprumo e dedicação, já salivando com a perspectiva dos pratos compostos. devia haver música, independentemente dos gostos. sorrir-se com a ideia de uma noite de natal com todos os que sempre importaram juntos de novo, sem hipocrisias, e com o facto de ser uma noite fria, límpida, de lua cheia, ou quase. todos os anos o temos conseguido, bem ou mal. este ano, a casa está fria. em todos os sentidos.

tou-me nas tintas

cortei a banana e a pêra em pedaços não muito pequenos para ele não se engasgar. tudo num pires, um garfo e um guardanapo. o meu avô está a lanchar. a casa está vazia. enchi uma taça com água, peguei nos pincéis e entrego-me. deixo a tinta verter no pires, passo-lhe com o pincel, sinto-a esticar na superfície de madeira e cortiça, os cheiros suaves do acrílico. os dedos pequenos começam a ficar sarapintados. misturo cores, criando o meu próprio arco-íris, a minha paleta. enquanto tento fazer de um quadro de cortiça uma prenda de Natal bonita e original, ponho um cd a rodar. e ao ouvir o refrão lembro-me de um trocadilho... ...how are you doing? I'm doing for music, I'm doing for love I'm doing for everyone around me Music [The Gift - Am/Fm]

[m/p]erdas II

já que tou na mó de baixo, vou exorcizar as desgraças todas de uma vez. este blog também serve para isso. não interessa um pintelho, mas a mim também não. há os clássicos: o carro (única forma de comunicação com o mundo) que avaria a cada semana. as operações multi-anuais ao meu pai, que de repente se vai abaixo com um problema qualquer novo (desde hérnias, a calcanhares desfeitos, a polipos). a depressão da minha mãe, desde que a minha avó morreu. a máquina de oxigénio do meu avô. a casa que me tiraram. a gata que não é minha. a vida que não tenho. o trabalho que faço por amor e não me dá dinheiro, e agora me descartou. o trabalho que não tenho por querer poder fazer o que me descartou. a desilusão para os pais de uma menina de notas máximas e quadro de honra que deixou a faculdade para fazer teatro. o dinheiro que não tenho para sequer passar a passagem de ano com amigos. agora há uma nova: admiro imenso o meu pai. é um autodidacta e conseguiu uma dist

[m/p]erdas

dois anos e meio. de dedicação. quando mais ninguém via ali uma ponta de interesse, eu estava lá. a batalhar, a tentar que evoluísse. falo de um lugar, mas também de um lar. que pensava que tinha. ali uni uma família desconstruída. consegui que muita coisa acontecesse apesar da grande percentagem de improbabilidade. apesar dos "o que é que estás lá a fazer". apesar de perder dinheiro de cada vez que ia para lá. fazia os 30 km com dedicação e noção de que tinha de ser, se quisesse que algo acontecesse. ensaiei até às 8 da manhã sem replicar. pintei chão. colei cartazes. lavei camarins. cosi panos. acendi luzes, carreguei no play nas alturas certas. subi e desci volumes. vendi o produto. vendi bilhetes. fiz os telefonemas todos. lutei com um computador no seu leito de morte e ganhei. fiz cartazes. textos de promoção. traduções. dirigi actores. dirigi alunos. dirigi desânimos. trouxe bolas de berlim de madrugada. dei boleias a quem não tinha como ir para casa. tive de sair por

portas de vidro

uma miúda só, no meio da multidão de sacos e músicas de Natal. paragens em lojas, sem olhar para as montras. já tenho o moleskine com pautas para o irmão músico... era a prenda maldita. resolvido. ainda em busca de um quadro de cortiça para pintar (que o dinheiro não dá para mais), recebo um telefonema. corro ao hospital, para dar apoio moral ao meu pai. a minha (outra) avó está no hospital. uma mulher com quem não tenho laços particularmente fortes. a quem desde sempre ouvimos queixas melodramáticas-hipocondríacas. o vizinho tinha uma doença e ela no dia a seguir também já a tinha. como na história do Pedro e o Lobo. agora é a sério. "problema grave nos intestinos, que provavelmente já chegou a outros lados". porque é que os médicos não dizem as palavras "cancro com metástases"? lá vem outro Natal daqueles, penso. cá em casa é assim, sempre assim. há sempre porcaria da grossa na altura das festividade s. é sempre um Natal ensombrado, caraças. espero o meu pai, que

branding

depois de criar 114 envelopes no word, dizem-me que há 40 postais e envelopes disponíveis no escritório... banda sonora para o momento em que carimbo os postais existentes e me marimbo nos restantes: forever more [moloko - statues ]

janela sobre a calçada

estou sozinha. não me apetece ir almoçar sozinha, mas eventualmente terá de ser. porque tenho fome. na janela do tal prédio em obras, mesmo aqui em frente, está um pombo a olhar para mim. está sol. mas o aquecedor está ligado. ainda não pus nenhum cd, e o silêncio agora incomoda.já fui 3 vezes à janela. [...] um bairro em silêncio e ebulição. os putos devem estar a passar. hoje tenho uma surpresa para eles: as colegas ofereceram-me um frasquinho de bolas de sabão...

ah cão! - parte 5 e 20 da tarde

a patroinha deixou a lista de afazeres: enviar postais de Natal para todas as empresas que colaboraram conosco deste ano. tendo em conta que recebemos centenas de estagiários e fizemos dezenas de visitas técnicas, seria à partida um desafio light. mas depois há que ressalvar que a bosta da lista de contactos está completamente desorganizada (não me tiveram cá tempo suficiente, e, apesar de ter começado um tipo de organização, mal saí, recomeçou a balda) e elas não apontaram metade das pessoas com quem contactaram para conseguir as ditas visitas e estágios. tive de pescar os contactos um a um de documentos soltos, descobrir endereços e nomes de pessoas do ar. isto levou-me o dia todo. depois era só imprimir os envelopes. só. vai daí, o assistente de impressão em envelopes crashou, e com ele os documentos word todos. recuperei o dos endereços, mas daí a a pouco, não sei como, o ficheiro estava em branco. tenho de recomeçar tudo de novo. são 5 e 20 da tarde... as cartas têm de seguir am

ah cão!

acordo cedinho, que a vida não está para menos. saio a correr porque quero estar cedo na paragem do autocarro. o autocarro chega 15 minutos depois da hora, por causa do trânsito. por causa de se ter atrasado foi apanhando o dobro das pessoas pelas paragens. chega à da minha terrinha (que é a última antes da autoestrada) e "só entram 5 pessoas, peço desculpa". tuuudo bem. espero mais um cigarro, chega a outra camioneta, vazia, claro. chego a Lisboa. apanho o metro. o meu carro está pronto, tenho de o ir buscar ao Areeiro. chego lá. ainda apanho um pedaço de conversa: "e depois ela foi a um desses médicos naturais..." "naturalista." "sim, isso". pago pouco, parece que foi só um fusível. saio contentinha. na 2ª circular o carro pára. outra vez. não, outra vez não... ligo para a oficina, pergunto se é para os apanhados. mandam lá um senhor (por sinal num carro de um cliente, com os plásticos no assento). ele troca o fusível e segue-me de volta à ofic

serendipity

provavelmente a palavra mais bonita do inglês. penso no cigarro que não tenho porque é de noite e o maço acabou. não tenho onde ou como ir comprar mais. leio-me e desreconheço-me. mas também não. como umbigos mais altos se impõem, vou ter de acordar cedo, mais cedo do que preciso. vou onde fui indispensável e me dispensaram até ver. suspenderam a dispensabilidade porque há reunião em Sevilha e eu dou jeito. chama-se capacidade de desencaixe. raios, detesto almoçar sozinha. lá vai ter de ser. vou ver se almoço tarde para ver se os putos sobem a rua aos berros e me fazem sorrir. costuma resultar. ao menos vou poder usar o computador grande. tenho de levar um cd giro. o silêncio esmaga. deve estar frio lá em cima. espero que esteja sol. sempre aquece a vista. ainda tenho umas compras para fazer. não tenho tempo. mas tem de ser. pode ser que encontre as tais pantufas. bem, ao menos estou fora de casa...

1.5. comente a imagem

esta é a Maria. a Maria é a minha gata. nunca gostei particularmente de gatos, (always been a dog person) mas sempre lhes achei piada... acho-os estúpidos, que é a minha forma de dizer cómicos. porque é que a Maria é a minha gata e os outros não? não sei. sei que me apaixonei por ela quando a vi. síndroma de Garfield, se calhar... é amarela, minúscula, gordinha, tem os olhos da cor do pêlo, mais arredondados que o normal. tem 4 meses, e é metade do irmão. tem o pêlo muito muito suave, tipo angorá. é meiga e brincalhona, e não é agressiva. era a Maria que eu ia levar para a minha-casa-que-não-é-minha-e-que-já-não-vai-ser. a Maria está a crescer. já não vai aprender a ir ao caixote e metê-la dentro de casa agora, depois de se ter habituado à vida livre e selvagem, parece-me maldoso. talvez um dia a Maria tenha uma filhota ou filhote, mais pequeno que o normal, amarelo e brincalhão, macio e meigo, de olhos mais arredondados que o costume. e eu já tenha uma casa-minha-só-minha.

kidding, right?

desculpa lá Roy Lichtenstein ora estou a 300 e tal km de casa, onde, convenientemente, deixei a carteira esquecida. é fim de semana e estou em trabalho. já vai alta a noite, como na canção do outro. estou perdida no meio de Oliveira do Douro. à procura de um salão de festas, numa quinta dessas finórias, onde vou animar 200 macacos de gravatas e/ou saltos agulha no dia seguinte. tenho de os ensinar a fazer ritmos e tocar xilofone... não perguntem... a equipa que deveria preparar o evento tá dispersa, atrasada, metade deles ainda vem a caminho. quero chegar depressa, para preparar tudo o que me diz respeito, voltar depressa e dormir um par de horas, já que no dia a seguir tenho de estar aos saltos e muuuuito animada. ando às voltas, e voltas e voltas, e o estupor da terrinha parece cada vez maior e mais labiríntica. já não sinto o rabo. dói-me o joelho porque sou pequena e não consigo pousar o pé confortavelmente no acelerador. o mapa só ensina um caminho, com o qual não dou. já p

pente 0

detesto ir ao cabeleireiro. prefiro ir à ginecologista ou ao dentista, a sério. a saga é inexplicável. já experimentei os cabeleireiros de bairro, os da moda, os gays, as senhoras com madeixas suspeitas e mola na cabeça... o problema deve ser meu, só pode. começam por me olhar de alto a baixo... o meu cabelo escuro, liso, escorrido e oleoso não representa (como deveria!) um desafio. perguntam-se antes porque raio é que fui ali e não ao barbeiro fazer um pente 0. tentam impingir mil e um produtos para lavar o cabelo que, por mais que eu diga que não tenho dinheiro para comprar, acham sempre indispensáveis. a parte porreira é lavar a cabeça... sabe tão bem. porque é que nunca têm cotonetes? "como é que vai ser?" aaaahhh! esqueça, vou andando! já experimentei dizer para fazerem o que quisessem. já tentei levar uma foto. já estudei o léxico. já fiz por gestos. já usei metáforas (a melhorzinha ainda é "queria assim um corte bem-disposto", ao menos saco um sorri

centro comerciargh!

é natal, é natal, tralalalalá... uma pessoa enche o peito de ar, inspira o ar frio, recebe o sol brilhante no rosto, e pensa em lareiras acesas, a família reunida, as azevias, as fatias douradas, o bacalhau, o bolo-rei, os sorrisos das crianças iluminados pela árvore de Natal e pelas cores dos embrulhos que rasgam com um ar possuído pelo demo. como de costume, as boas intenções esvaem-se e deixa-se as compras para Dezembro... meados de Dezembro na melhor das hipóteses. a minha família (leia-se núcleo familiar, a malta cá de casa, tipo 6 pessoas) faz TODA anos nesta altura (excepção feita para a minha mãe, que faz em Janeiro...). Começa a 20 de Novembro e só pára no Natal... eu estou desempregada. e moro longe... pensei em fazer umas coisitas manualmente, aquilo dos presentes feitos com amor, a tal da "intenção é que conta"... claro que depois vejo as listas de cada um (sim, temos de fazer listas porque ninguém nunca faz ideia do que é que as pessoas com quem se vive o

word

sentou-se de cigarro na boca. não era particularmente feminina a fumar. deu uma passa prolongada, deixando o fumo sair-lhe dos pulmões para a enrolar em mais um pouco de propaganda anti-tabagista. parecia neblina. pousou os dedos no teclado, onde escreve mais rapidamente que se for de papel e caneta. apesar do prazer que o papel e caneta sempre lhe darão. não é à toa que, desde miúda, tinha uma pancada por blocos. pensou em território. pensou em politicamente correcto. pensou em desistir. pensou em colaborar na fantasia diária da sua redoma-do-vamos-fazer-de-conta-que-a-vida-é-assim-e-que-estamos-bem-assim. pensou com tempo. afinal, não tinha nada para fazer. estava farta de tanta inactividade, mas nem sempre das suas vontades dependiam os acontecimentos. a força falha quando não há motivação. a motivação falha quando não há entrega. os sorrisos amarelam porque tem de se sorrir. é suposto. não interessa a vontade. sorriu. porque sim. um esgar é sorrir? não se lembrava de nada,

vê se pode?

como explicar a uma mãe que é mais do tempo da máquinas de escrever o que é um i-pod? "é como teres uma estante cheia de dossiers com documentos importantes.... e muitos cds com músicas... e queres andar com isso contigo ou levar para outro lado. o i-pod é o carrinho de mão com auriculares..." acreditem, resulta...

gift

saí porta fora. fiz o meu papel. depois, fui à deriva... afinal, estava cinzento, frio e caiu uma chuvada. mas abriram-me o chapéu de chuva... via sms... abriu-se uma caixa de algodão. e a conversa morna prolongou-se pela noite fora. fumei cigarros(!) mostrei as minhas meias novas. o café aqueceu as mãos frias. a lua apareceu. obrigada a todos.