gosto de avessos. de interiores. de toques com sentidos subliminares. de contextos e pretextos. de intenções. entrelinhas. gosto como gosto de um doce que se espreme entre a língua e o céu da boca devagar, que se deixa escorrer pelo palato como se fosse uma palavra complexa, cheia de ditongos e arabescos. que se degusta. gosto de suspeitar apenas de um olhar e de poder penetrar nele lentamente, pedindo que me seja dada essa permissão, sem palavras. gosto do interior dos suspiros, onde se alojam os segredos. escondem-se vidas inteiras sussurradas no eco de um gesto. as memórias que o voo de um cabelo transporta. o receio que o brilho da pele encobre. pode ser um silêncio que grita. pode ser um grito que murmura. é nesse avesso das pessoas que se encontra a sua alma. nos pequenos ses. na água. dos olhos e da boca. das mãos. nas dúvidas e fragilidades em que se revela cada intimidade. cada íntimo. onde se desnuda o ser. quando simplesmente se é.
[ms] mais uma para o currículo. descansa. estou cá, para te dar a mão. e um dia ainda nos vamos rir... os dois... entretanto, rimo-nos também, que não há mal que não desista à vista dos dentes desgarrados e das barrigadas de nós os dois. porque eu sei o que vales, quanto vales e como vales. e para cada ingrato, grato e meio. os destinos entrançam-se devagarinho. nada acontece por acaso. há quem consiga aguentar o nó na garganta de mão dada. sabes que quando se fecha uma porta... nem que tenha de rebentar uma janela à pancada... o céu troveja porque não sou só eu que estou revoltada... peito cheio, vem aí o vento... vamos apanhá-lo de velas içadas. vamos apanhar a chuvada de boca aberta ao céu... vou sair agora. vens?
Comentários
sublime, querida polegar.
um sopro de maresia em tarde de sol.