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orgulho

não quero questionar.
não quero pensar no que vai custar. o tempo vai passar e aquelas pedras seculares serão então uma recordação. a seu tempo.
não volto atrás. agora não. a última corda partiu-se. foi cortada à revelia.

agora resta-me ir à que, cinicamente me diziam, ainda era a "minha casa". pegar nos livros que levei para lá para aprender a ajudar-nos melhor, nos cds de músicas que usava para ter companhia mais presente que os fantasmas. cheirar aquele ar pela última vez e recuperar na boca o sabor da amargura. ouvir os ecos dos risos daqueles corredores cheios dos espíritos que lá andaram. que estrearam sozinhos num teatro inundado, que fizeram de madeiras podres algo digno, que se cansaram em dedicação, que pentearam e montaram, desenharam, pintaram, viveram, deram e receberam.
porque, apesar de tudo, de saber de tudo, eu queria continuar a lutar, saber que faria parte daquele grupo de pessoas cujos braços tinham ajudado a fazer algo de bom, de melhor. e por tantos momentos presenciei e saboreei essa possibilidade materializada. vi um grupo de gente unida à volta de um objectivo maior. era palpável, esteve ali. quando já muito poucos acreditavam, e quando ninguém apoiava, havia quem lá estivesse e fizesse acontecer.
perderam. perderam o que de melhor tinham. a juventude, a alegria, o empenho e a paixão foram eliminados da lista, um por um. eu fui mais uma. mas as opções não eram minhas.
as circunstâncias são de rir. gostava de ser mosca para ver um certo elenco agora reduzido a um fetiche, um janado, uma fumadora manienta, um miserabilista indeciso e duas bichas espampanantes. quem vai carregar com o cenário?

já tinha caído uma vez no erro de voltar a acreditar.
aprendo, agora, a baixar os braços.
eu podia apenas provar que sabia e conseguia. e provei. ao menos fico com isto.
adeus, Teatro Ibérico.

Comentários

Alien disse…
Claramente, quem fica a perder não és tu. É sempre triste arrumar uma casa... mas há tantas casas, apartamentos, vivendas, ruas, avenidas à tua espera.

Se há uma coisa que aprendi é que essas "casas" somos nós quem as faze-mos. E vontade não te falta.

beijos linda, muitos, muitos, muitos.

=)

P.S - REGREXEI A PORTUGALI OH AI JAZUZ!!!!
P.P.S- vejo que agora, TAMBÉM o teu blog pede para se escreverem umas letrinhas antes de comentar qq coisa ;)
Alien disse…
hummm... o faze-mos é, claramente, "fazemos"... estive a trabalhar e estou trocada... desconto, please...

beijinhos mais uma vez
Anónimo disse…
não foi nada que não estivesse à espera mas dói sempre mais levar com os factos na cara... por vias travessas, que oficialmente ainda não sei de nada... podem ser eles a perder mas de momento tenho muito poucas oportunidades de voltar a um palco.
tenho o sax. o nosso sax. depois... não sei.
mas para levantar o meu espírito vou ter de mover multidões, o que implica obrigar-te a escrever... para MIM! muahahahahah!
Indibiduo disse…
Não podes é deixar de acreditar, pois palcos é o que não falta! Ainda irei ver uma peça em que participas. Fico á espera.

Beijinho
Anónimo disse…
run away: ao sax podes ir assistir, que esse é externo ao outro grupo e falta muuuuito pouquinho... aparece por lá! beijinho e obrigada
Anónimo disse…
run away: ao sax podes ir assistir, que esse é externo ao outro grupo e falta muuuuito pouquinho... aparece por lá! beijinho e obrigada
Indibiduo disse…
Irei sim se poder, nã fácil poder dar um saltinho a Lisboa. Quando ai vou, aproveito para estar com a minha irmã que está na Ericeira.

Beijinho
Anónimo disse…
Não feches nunca portas. Não jures raios e corriscos que depois te sintas na obrigação de seguir à risca. Todos sabemos o quanto custa ficar de fora em algo ou para alguém que desejamos, mas há que aprender a respirar e esperar pelo momento...e quando for a altura certa, a justiça faz-se sempre suavemente. Muitas vezes vem desfazada no nosso sentido temporal, mas tudo tende sempre para o equilibrio. Aprender a respirar é tudo... ;-)
Knuque Mo disse…
antes de mais nada o importante é dizer: agora já consigo respirar!
Alien disse…
Confesso que dantes ainda te ouvia a dizer "OUVE LÁ, QUANDO É QUE ME ESCREVES UMA PEÇA" e ia para a cama a pensar em possíveis personagens, ou plots... mas acabavam sempre por adormecer primeiro que eu...

Mas agora, que tens o blog e tenho lido o que escreves, parece-me que quem precisa de escrever és tu... fazes-me lembrar um "certo" alguém que conhecemos e cujo nome começa por J, que diz que escreve mal como tudo...

=)

beijos
O Estranho disse…
Mau dia, estou a ver... Uma pena, mas realmente tenho a certeza que não és tu quem perde mais. E, como sugere Alien (quem quer que seja...), gostava de ver uma peça escrita por ti. Mas tem é que fazer tanto sucesso que até seja representada fora de Lisboa!!!:) beijos
colher de chá disse…
bem sabes que sou como tu, mais uma que diz adeus ao Teatro Iberico. Apesar de tudo, valeu o suor empenhado, as horas sem dormir, as aulas a q faltei, tudo o q aprendi e sobretudo... os amigos verdadeiros q ganhei. Como tu. Estamos juntas nisto, juntas continuaremos a seguir em frente... em busca do q nos espera. Quem sabe se nao sera melhor? Beijos mil, com uma lagriminha insistente no canto do olho esquerdo. Sara*
Nuno Catarino disse…
Beijinhos, miúda. :)
Anónimo disse…
dessas "surpresas" está o mundo cheio :( um beijo para ti *
miak disse…
Não foi erro acreditar...

Não deixes de o fazer...
polegar disse…
run away: mais 40km não custam muito... eu faço 30 (de bem perto da tua irmã) todos os dias para vir trabalhar
linha recta: há alturas em que não podemos deixar as coisas passar assim. é injusto e dói demais.
knuque: espero chegar a essa fase. neste momento pensar que depois do SAX não sei se ou quando voltarei a um palco corta-me a respiração
alien: uma coisa é escrever prosa, desabafos... outra é escrever diálogos e peças inteiras... sei interpretar as personagens (acho ehheheh) mas criá-las de uma ponta à outra... cada macaco no seu galho. tenho amigos com demasiado talento... estou à tua espera...
damon: :) beijinho grande... O MEU POSTAL???
inadaptado: é verdade, o caminho é sempre para a frente. que bom que regressaste... ;)
estranho: vê a minha resposta à Alien... é que não estás a ver o talento dessa menina para escrever... além de interpretar, meter as mãos na tinta, na produção e na direcção de actores ainda tinha de escrever?? olha lá... quem vai a Praga vem a Lisboa, enquanto o sucesso não chega... :P
polegar disse…
colher de chá: somos iguais, sim, no mesmo ponto de partida. mas quem sabe "with a little help from my friends" não conseguimos uma coisa nossa em que mandemos e escolhamos nós? a capacidade de fazer já sabemos q temos. faltam-me os textos e um espaço de ensaios... "casinha de bonecas" já temos...
nuno catarino: :)
nuno: é verdade... e a chatice é que, apesar de o sabermos, lá andamos às turras... :)
miak: e eu sei lá fazer isso! se soubesse andava muito melhor eheheheh

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