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isperto

a cada dia no trânsito, olhando em volta, reparo num sinal que nos diz a todos que essa coisa da crise é mito urbano. é uma cabala para subirem os assaltos e as seguradoras ganharem dinheiro.
todos os dias, milhares de carros brilhantes, saidinhos dos stands (ou standers, conforme a burgessisse de cada um), entopem as artérias da nossa capital, qual colestrol (ou castrol) que faz com que o trânsito não flua, não haja produção, e o coração pare de bombear rendimentos e lucros para as empresas, as pessoas sejam despedidas, façam greves, assaltem e esfaqueiem, etc.
nesses carros, vemos, em cada um, uma e só uma pessoa. o condutor. estamos numa sociedade de tristes, de solitários e estúpidos, que preferem entalar-se no trânsito a "conviver" com a plebe no metro ou nos autocarros.
onde está o dinheiro? das prestações, dos seguros, do combustível, das revisões, dos selos? tem de haver e não é pouco. é uma cabala, volto a dizer, isso de andarem a espalhar que estamos em crise! pois se há cada vez mais carrões!
engraçado é que se vêem mais motas com duas pessoas montadas que carros com dois passageiros. de realmente engraçado tem pouco, tem mais de foleiro, bimbo e idiota. mas não quero ofender ninguém.
e ainda mais curioso é o facto de esses carros serem todos enormes. os ditos carros familiares. os topos de gama pretos e cinza metalizado. como se fizesse muita falta aos condutores tanto ar dentro do cubículo de metal, só para um.
sou pelas portagens. passei a ser. eu venho de longe (de muito longe... lá lá lá). deixo o meu carro à porta de Lisboa num parque. e venho de carro porque na minha terra os autocarros para Lisboa são poucos, e acabam cedo, em nada combinam com os meus horários. sigo de metro e...oh! ah!... a pé.
sou pelos parques de dimensões espectaculares (mesmo que atentados à arquitectura paisagística) ao pé dos metros e comboios periféricos. que deviam ser de borla e ainda dar desconto no passe.
sou pelos smarts, que é o que essa gente toda devia ser permitida conduzir dentro de Lisboa. e com autorização expressa, depois de ter sido toda investigada a vida e necessidades efectivas de cada um. poupava. tínhamos o dobro do estacionamento, metade do trânsito, só com os ditos popós pequenitos.
irrita-me quem mora no príncipe real e faz 100m de carro para o escritório (y que los hay, los hay, trust me).
enerva-me os senhores exploradores de fossas nasais nos bê-émes, de ar altivo, que ali ficam parados, a parar o país. as tias que não sei como não morrem sufocadas com a laca e os químicos dos peelings a exalar dentro dos desportivos, e as betas e os betos com os carochas, um dossier no banco de trás e o telemóvel em cima do banco a pedir para ser roubado, para os papás comprarem outro mais caro.
eu queria morar em Lisboa. muito. para poder esquecer-me que tenho carro. que pago revisões a cada 3 meses por desgaste, que pago portagens, gasto horrores em gasóleo e ainda poluo o ambiente.
pergunto-me: serei a única?

Comentários

Anónimo disse…
a minha namorada tem um izperto. é tããããão cool! e já fomos a Sevilha e - atenção! - voltámos, montados nele :)
Indibiduo disse…
Concordo contigo, sem sombra de dúvidas!
Anónimo disse…
É tudo uma questão de dinheiro. Se o tiveres também fazes os 100 m, de carro, e deixas de preocupar-te com esses pormenores todos. É tão simples quanto isso.
Anónimo disse…
ni: é um carro tão giro...
run away: então não é?
caro anónimo: será uma questão de dinheiro ou de consciência? eu acho-nos todos umbilicais demais. mas uma coisa digo-te: no meu caso, já houve um tempo em que tinha dinheiro e podia gastá-lo só comigo. vinha de transportes na mesma. beijo
Anónimo disse…
não é um carro. é um... é um izperto :D
Little Thumb: eu sei que este blog não é meu e longe de mim querer alterar a direcção do teu post (com o qual eu concordo apesar de me sentir atingido e saber que, infelizmente, não vou mudar). mas até vem a propósito porque - quero acreditar - somos todos pessoas "comuns". vocês conhecem Pulp? Têm muitas músicas fantásticas mas esta (Common People) é divinal.
Se não conhecem tentem, pelo menos. Vale a pena.
polegar disse…
ni: vá lá, desta passa...
gosto :)
beijos
pinky disse…
tens toda a razão no que dizes, mas temo que enquanto o sistema rodoviário não estiver bem organizado, inclusivé com horários alargados, e esses parques de que falas não sejam implantados, as coisas não vão mudar
celofane disse…
Gosto da forma como escreves, já disse. Mas queria deixar aqui o meu testemunho!, Já fui multado e rebocado em lisboa, agora ando de transportes publicos que se poupa dinheiro e tenho mais tempo para ler e menos para dormir. Mas aqui a questão é outra: como é que existindo um problema de estacionamento tão grave em Lx se dão ao descaramento de multar ou rebocar uma carro que está em cima do passeio ou num local "reservado à câmera" porque ninguém estaciona ai antes de meia hora a desesperar dentro do carro já a ficar atrasado para o que seja o destino. Por isso quero gritar fora e clamar aos ventos a minha ira: Como é possível multar se a câmera não resolve o problema de estacionamento??? Se calhar é porque até dá um lucro maneirinho. Então não é de surpreender que estejam prai a surjir essas empresas de reboque privadas como a parques tejo, porque os reboques da policia e câmera já não dao conta do recado. Há que chegue para todos, nem devem chegar a competir entre si.

bjs :))
n. disse…
única?mas é que nem penses...estamos no mesmo grupo apesar de geograficamente afastados. (e sim conheço PULP - common people ;)

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