ontem fizemos uma sessão especial desta nossa peça, para uma plateia vip.
em colaboração com a Associação dos Amigos de D. Pedro e D. Inês, convocámos ilustres da nossa praça, que [pasme-se] atenderam ao chamamento. estava lá a comunicação social... principalmente revistas de sociedade, porque reportagens de tv e jornais que é bom, nada...
as Castros retocaram as raízes, chegámos todos mais cedo para fazer tudo com calma.
o técnico de som [se assim se pode chamar àquela espécie rara de amiba] passou a tarde toda a brincar com o sistema de som. as colunas não são boas e ele consegue "bring out the worst" do sistema. estourando paredes e ouvidos, agudos e graves, passámos a tarde a ouvir as belas musiquitas da peça, com as quais já não podemos.
de repente, coisa inesperada, não é?, risca-se o cd! lá vem a amiba, calmamente, da casa de banho, 5 minutos depois, [e nós a ouvir o tóin-óin-óin repetitivo, já antevendo uma Castro remix] e desata a correr para o computador para gravar um novo cd. ficaram por imprimir etiquetas que identificariam as fotos dos actores expostas à entrada... também, não há tinteiro preto há mais de um mês.
há uns tempos uma colega nossa recolheu uma cadela abandonada. foi adoptada pela amiba que opera o som e serve os cafés no bar da entrada. chama-se... Castro... faz chichi na alcatifa da sala de espera, e atravessa o palco quando lhe dá na veneta par vir pedir festas ao elenco. detesta ficar sozinha.
com uma plateia de vips, não convinha a Castro ficar deitadinha num recanto do bar, dava mau aspecto. a amiba da luz resolveu fechá-la na cabine técnica. a meia hora do espectáculo, a cadela, que detesta estar sozinha, uivava desesperada. com a sala de espera cheia de gente... e o encenador, já meio maquilhado, gritava que matassem a gaita da cadela. e a amiba servia cafés e não se mexia...
plateia cheia, tudo pronto, começa o espectáculo...
e que espectáculo!
estou deitadita para a primeira cena, e começa a música. e a luz não acende. a mesa de luz foi ao ar... é que esta amiba [em total oposição à outra, que rebenta com as colunas com desvelo] não testou a mesa, ocupado que estava em facturar. fizemos todo o espectáculo com metade das luzes, intensidade duvidosa...
o senhor encenador, que também entra no espectáculo, resolveu dar o exemplo de todas as aulas que nos dá acerca ética profissional e trabalho de equipa: quando chegou à cena dele, não cumpriu as marcações para não ficar na sombra. e ficou bem no centro do único recorte de luz disponível, fazendo com que o resto do elenco que contracena com ele ficasse na sombra e lá permanecesse [ou isso ou empurrá-lo para fora da luz, o que não seria agradável... é que ele é o Rei...].
eis senão quando, já saídos todos daquela cena, em ficando o senhor para fazer o seu monólogo, a amiba do som [que gosta de novelas] resolveu que a música de fundo estava muito baixa. e subiu o volume, como é seu costume, obrigando o nosso querido Rei a fazer a cena toda aos gritos... deus é grande, dizia-se nos camarins... e a amiba também...
resolvi vingar os meus colegas. na minha cena com el Re, açambarquei a luz toda para mim, obrigando-o a ginasticar-se para... como se diz... partilhar! é isso!
bem, findo o espectáculo, agradecimentos, preparamo-nos para sair... e o senhor encenador resolve ficar no meio do palco e fazer um discurso. ai... o elenco vê-se forçado a voltar ao palco e ficar ali a servir de moldura ao ponto mais baixo da noite. é que o senhor não se contém e adora fazer a cena do desgraçadinho. e aproveitou que tinha lá os senhores influentes e voltou a falar no tema tabu... el subsídio! (leia-se sussídio) e, jeitoso com as palavras como é, disse as coisas de tal maneira que o senhor ministro [ou o assessor, ou lá o que é] saiu zangadíssimo no fim a pensar que lhe tinham armado uma cabala para o envergonhar em público.
além do mais, o nosso queridíssimo director artístico parecia surdo ao comportamento do público, que se revolvia nas cadeiras e bufava de impaciência com o arrastar dos agradecimentos jocosos e da conversa d' el sussídio. tive de lhe fazer uma festinha no braço, e no meu melhor sorriso 33, a deitar chispas pelos olhos, dizer-lhe que teria de terminar.
saímos para socializar porque tinha de ser. a vontade era ficar nos camarins até os vips dispersarem, e desejar que aquela noite não tivesse acontecido.
ora eis senão quando vejo uma senhora sorridente a dirigir-se a mim com ar de quem me vai falar... uma pessoa que pessoalmente me desagrada por completo...
e o ponto alto da minha noite foi uma conversa simpatiquíssima, chiquérrima, com a Bobone, a cobrir-me de elogios...
ainda estive para lhe perguntar se queria combinar um cházinho na Suíça...
em colaboração com a Associação dos Amigos de D. Pedro e D. Inês, convocámos ilustres da nossa praça, que [pasme-se] atenderam ao chamamento. estava lá a comunicação social... principalmente revistas de sociedade, porque reportagens de tv e jornais que é bom, nada...
as Castros retocaram as raízes, chegámos todos mais cedo para fazer tudo com calma.
o técnico de som [se assim se pode chamar àquela espécie rara de amiba] passou a tarde toda a brincar com o sistema de som. as colunas não são boas e ele consegue "bring out the worst" do sistema. estourando paredes e ouvidos, agudos e graves, passámos a tarde a ouvir as belas musiquitas da peça, com as quais já não podemos.
de repente, coisa inesperada, não é?, risca-se o cd! lá vem a amiba, calmamente, da casa de banho, 5 minutos depois, [e nós a ouvir o tóin-óin-óin repetitivo, já antevendo uma Castro remix] e desata a correr para o computador para gravar um novo cd. ficaram por imprimir etiquetas que identificariam as fotos dos actores expostas à entrada... também, não há tinteiro preto há mais de um mês.
há uns tempos uma colega nossa recolheu uma cadela abandonada. foi adoptada pela amiba que opera o som e serve os cafés no bar da entrada. chama-se... Castro... faz chichi na alcatifa da sala de espera, e atravessa o palco quando lhe dá na veneta par vir pedir festas ao elenco. detesta ficar sozinha.
com uma plateia de vips, não convinha a Castro ficar deitadinha num recanto do bar, dava mau aspecto. a amiba da luz resolveu fechá-la na cabine técnica. a meia hora do espectáculo, a cadela, que detesta estar sozinha, uivava desesperada. com a sala de espera cheia de gente... e o encenador, já meio maquilhado, gritava que matassem a gaita da cadela. e a amiba servia cafés e não se mexia...
plateia cheia, tudo pronto, começa o espectáculo...
e que espectáculo!
estou deitadita para a primeira cena, e começa a música. e a luz não acende. a mesa de luz foi ao ar... é que esta amiba [em total oposição à outra, que rebenta com as colunas com desvelo] não testou a mesa, ocupado que estava em facturar. fizemos todo o espectáculo com metade das luzes, intensidade duvidosa...
o senhor encenador, que também entra no espectáculo, resolveu dar o exemplo de todas as aulas que nos dá acerca ética profissional e trabalho de equipa: quando chegou à cena dele, não cumpriu as marcações para não ficar na sombra. e ficou bem no centro do único recorte de luz disponível, fazendo com que o resto do elenco que contracena com ele ficasse na sombra e lá permanecesse [ou isso ou empurrá-lo para fora da luz, o que não seria agradável... é que ele é o Rei...].
eis senão quando, já saídos todos daquela cena, em ficando o senhor para fazer o seu monólogo, a amiba do som [que gosta de novelas] resolveu que a música de fundo estava muito baixa. e subiu o volume, como é seu costume, obrigando o nosso querido Rei a fazer a cena toda aos gritos... deus é grande, dizia-se nos camarins... e a amiba também...
resolvi vingar os meus colegas. na minha cena com el Re, açambarquei a luz toda para mim, obrigando-o a ginasticar-se para... como se diz... partilhar! é isso!
bem, findo o espectáculo, agradecimentos, preparamo-nos para sair... e o senhor encenador resolve ficar no meio do palco e fazer um discurso. ai... o elenco vê-se forçado a voltar ao palco e ficar ali a servir de moldura ao ponto mais baixo da noite. é que o senhor não se contém e adora fazer a cena do desgraçadinho. e aproveitou que tinha lá os senhores influentes e voltou a falar no tema tabu... el subsídio! (leia-se sussídio) e, jeitoso com as palavras como é, disse as coisas de tal maneira que o senhor ministro [ou o assessor, ou lá o que é] saiu zangadíssimo no fim a pensar que lhe tinham armado uma cabala para o envergonhar em público.
além do mais, o nosso queridíssimo director artístico parecia surdo ao comportamento do público, que se revolvia nas cadeiras e bufava de impaciência com o arrastar dos agradecimentos jocosos e da conversa d' el sussídio. tive de lhe fazer uma festinha no braço, e no meu melhor sorriso 33, a deitar chispas pelos olhos, dizer-lhe que teria de terminar.
saímos para socializar porque tinha de ser. a vontade era ficar nos camarins até os vips dispersarem, e desejar que aquela noite não tivesse acontecido.
ora eis senão quando vejo uma senhora sorridente a dirigir-se a mim com ar de quem me vai falar... uma pessoa que pessoalmente me desagrada por completo...
e o ponto alto da minha noite foi uma conversa simpatiquíssima, chiquérrima, com a Bobone, a cobrir-me de elogios...
ainda estive para lhe perguntar se queria combinar um cházinho na Suíça...
Comentários
Hum... que recomendações terá o "Socialmente correcto" para quando se leva uma estalada em público?