Avançar para o conteúdo principal

verduras

percorria eu a R. da Escola Politécnica, e deparo-me com três coisas verdes com pernas e bonés.
e questiono:
mas quem raio é que se candidata a funcionário da EMEL???
só podem viver noutro planeta à parte.
ninguém que conheça o drama de quem precisa de trazer o carro para Lisboa (já sem falar dos pobrezinhos que vêm das Amoreiras para o Rato ou de Telheiras para o Rossio e precisam de deixar o BM à porta do escritório porque não cabe no hall de entrada) colabora nestas coisas!
andam o dia todo a pé, a imprimir papelinhos.
fazem o trabalho sujo da polícia mas não podem usar um pau, se se forem agredidos.
rogam-lhes pragas, são ameaçados de sodomia diariamente, têm de andar aos grupinhos por causa das coisas...
... e usam aqueles fatinhos verde-couve, de calças justas, que fazem o rabinho mais amaricado possível...

Comentários

Anónimo disse…
Escreves com muita piada e ironia, mas para responder á tua pergunta: há quem tenha de trabalhar para puder comer!
G. disse…
... E, provavelmente, precisam de trabalhar! Terás pensado nisso? Há profissões bem mais abjectas. Esta tornar-se-ia desnecessária se houvesse algum civismo nos condutores portugueses...
Pensa nisto: provavelmente ninguém escolheria ser cangalheiro se pudesse ser outra coisa qualquer... Eu não gosto deles, mas também tento não os hostilizar...
Anónimo disse…
Usar uma farda de homem do lixo - isso sim - é de homem! É um trabalho imprescíndivel para a sociedade.
A EMEL é só mais uma empresa parasita, mais um imposto disfarçado. Não pactuo com essa (nem nenhuma outra) espécie de arrumadores.
E, sim. A farda é, no mínimo, ridícula!
Anónimo disse…
eh láaa! anónimo e g.: claro q louvo muito o trabalho, qualquer q ele seja. também eu já tive de fazer umas coisas menos "fashion" para ter uns trocos! mas não deixo de achar piada ao estigma dos verdurinhas!
ni: é verdade q é mais uma sanguessuga, mas não houvesse falta de civismo e excesso de umbilicalismo e era menos uma desculpa para nos andarem a chular, né? além disso, os empregados não têm culpa da fominha dos patrões, e a crise é a crise... hoje em dia já é uma sorte ter emprego...
beijos a todos
polegar
O Estranho disse…
sim, sem qualquer sombra de dúvida que o pior de se trabalhar para a EMEL são as calças que deixam o rabinho amaricado. Se calhar é por isso que eles estão sempre a receber ameaças de sodomia! Pior do que isso, se calhar só vão para a EMEL para serem sodomizados! Como dizes, a culpa é da crise!
;)
Anónimo disse…
cambada de inuteis, vocês de certo têm todos empregos em que as calças não deixam marcas de dúvidas quanto à vossa masculinidade, e vocês suas putas, passam a vida a usar decotes em forma de roupa, só para serem papadas pelos vossos patrões

Mensagens populares deste blogue

sabes quando te revisitas e já não te encontras? não sabes o que fazer de ti contigo. as perdas têm sido valentes, as estocadas mais fundas. pensei que por agora a pele estivesse mais grossa, mas não. pensei que estivesse de pés assentes, mas há força nas pernas. perdi o meu pai. perdi o meu chão. espero por uma fase boa. em que esteja tudo bem, organizado. nem que venha depois outra ventania, mas um pedaço de vida em que tudo esteja no seu lugar. só por um bocadinho. mas não. as peças estão espalhadas, quando começo a arrumar umas, caem ao chão as do outro canto da vida. um empilhar de pratos num tabuleiro demasiado cheio, que não se tem oportunidade de ir despejar à cozinha. até as metáforas me saem avariadas, já. tabuleiros de cozinha é o que me sobra. isto são metáforas, certo? é um padrão, o padrão caótico da minha vida, que tento desenhar em palavras que já não tenho. quero despejar-me aqui mas não sei bem como. os medos continuam, sabias? estão piores, diria, porque...

q.b. de q.i.

como é sabido, neste centro de escritórios funciona também uma das maiores agências de castings do país. há enchentes, vagas de gente daquela que nos consegue fazer sentir mais baixos e mais gordos do que o nosso próprio e sádico espelho. outras enchentes há de criancinhas imberbes que nos atropelam no corredor de folha com número na mão. as mães a gritarem hall fora "não te mexas que enrugas a roupinha" ou "deixa-me dar-te um jeitinho no cabelo ptui ptui já está"... e saem e entram e sentam-se e entreolham-se naquele ar altivo as meninas muito compridas e muito fininhas, do alto ainda mais alto dos seus tacões e com a mini-saia pendurada no osso da anca, que o meu patrão já diz "deixem passar dois anos que elas começam a vir nuas aos castings... pouco falta... têm é de vir de saltos altos... isso é que já não descolam dos pés!" bom, nesses dias aceder à casa de banho é um inferno. é que elas enfiam-se lá dentro nos seus exercícios de concentração preferid...

there goes my hero. 1 ano

Pergunto-me o que acharias acerca desta demência toda, desta distopia rocambolesca mas ainda assim não suficientemente diferente do “normal”. Deste bailado em corda bamba da auto-idolatria com os gestos incrivelmente abandonados de ego. Desta atrapalhação profundamente honesta e refinada que se aprende fazendo e se desfaz em ilusões como uma teia fininha. Deste viver no presente forçado, fincados no agora até à dor no pescoço porque agora é que não sabemos mesmo o que vem depois de amanhã.  Provavelmente discutimos aces amente sobre uma merda política qualquer que não controlamos, para a seguir nos estarmos a rir cúmplicemente de qualquer coisa pouco apropriada. Cheira a grelhados, que o vizinho tem quintal, e aí a coisa custa mais. Esse peso bom da mão inteira na cabeça que me guardava a inquietude faz falta. Distopia é não estares aqui. O resto aguenta-se com um cravo ao peito. Contigo cravado no peito.